No final, no entardecer da vida,
hei de querer que o tempo seja lento,
que os dias
sejam quase iguais,
cheios
desses pequenos nadas,
que sabem a
quase tudo:
um abraço que não quer acabar,
a minha mão na mão do meu amor,
a música nos dias e os dias em
festa,
e, claro, o amor nosso de cada dia.
Para morar,
depois de sentir o mundo,
hei de
desejar uma cabana apenas,
que seja
pequena e aconchegada,
do jeito
certo para viver a amar,
que é mais
ou menos assim:
um ambiente que convide o romance a
ficar,
de cômodos pequenos e uma varanda
ampla,
fincada no verde e no arco-íris do
florido,
elevada, com vista para o céu e o
mar.
Nos nossos
dias, numa nota de vagar,
desejaria a
metáfora do viver preguiçoso de um gato,
que se
espreguiça tranquilo, ao lado de quem ama,
com a calma
de quem vive na sua vontade,
que é como
quem nunca se sente atrasado:
de manhã, preguiçar no calor dos
braços do amor,
ao som dos pássaros que degustam a
aurora,
sem nenhum pensamento que não seja
o agora,
ou o tom do nascer-do-sol ao cheiro
do café;
de tarde, pequenas grandes coisas,
como ter gente que soma laços ao
lado,
desfrutar a solitude, vagando e
criando,
ou saborear o pôr-do-sol, à luz das
memórias.
a noite, distante do demasiado
grande,
o banhar os olhos nas estrelas,
o dar os ouvidos à música e os
sentidos à poesia,
a pele um no outro, amando nos
sentidos e no corpo.
Para
guardar, mais memórias do que coisas,
hei de
desejar uma estória abundante de sentido,
das
aventuras vividas pelo mundo,
ao bem que plantamos
ou regamos na caminhada,
de luxos,
apenas o que nos eleve a alma e aconchegue o amor:
a satisfação do propósito vivido,
o legado de uma vida feita com
amor,
uma biblioteca, um jardim florido, uma
criança bem-amada, presente para o mundo,
e, claro, uma cama para continuar a
amar.
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