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sábado, 15 de agosto de 2020

NADA É TÃO MEU COMO ISTO

Enche-me o peito!

Fecho os olhos,
sorrio.

É meu.

Nada é tão meu como isto.
Porque só a mim me pertence,
entresourado, bem guardado no peito.

Em segredo.

Tão secreto como
aquilo que em voz alta não pode ser dito,
a mim de direito,
a chave de viver graciosamente.

Sorrio. 

Sim, meu
Tão meu como as memórias,
doiradas na curva da vontade de morar aí.
Só eu as vejo.
Só eu as sinto [as vezes, DÓ eu as sinto].
Tão perto, que basta cerrar os olhos
e espreitar o coração.

Hamlet,
perdido e encontrado,
ressuscitado,
numa noite de verão.

Eu,
Sem nós.
E ainda cá está Dionísio [saúde!].

Sou eu que te falo, sem que precises cá estar.

É que vejam,
canta-me no peito
para o meu próprio deleite
e só eu o posso ouvir.
Tão secreto,
nem a ti, nem ao mundo,
a nota perfeita do SI em MI.

Tivesse o dom da chave de SOL
e faria disso música,
aos teus, vossos, nossos, ouvidos.

Mas hoje só [tudo] tenho o dom de ouvir,
decifrando,
segredos do meu rebelde coração.

Enche-me o peito!
Fecho os olhos,
sorrio.

É meu. 
 
Nada é tão meu como isto. 
 

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

A DANÇA




O Mar e a Praia abraçam-se, sob a lua.
Há um doce jogo de paixão nos gestos espumosos das ondas, que lambem a areia.
É a cadência articulada de dois corpos, apaixonados, que se roçam

Sem pressa. 
Sem des[canço].

Aprendi sobre ritimo e sobre constância.
A pressa é filha do medo
e o medo descende da falta de fé,
de um lado da linhagem
e do outro, da falta de coragem.

A onda, calma, é cheia de certezas
e é por isso que o mar sempre chega doce à areia:
sabe que esta o espera e nada há te tão seguro como querer ir e saber que se espera.

Encontro.
Descanço.

Já, em mar alto, 
tão longe de terra que se veja,
há tempestade.

A paixão é inquieta. A inquietude é apaixonada.

Tempestade é uma dança descompassada no palco da incerteza.

Aventura? 

Haja fé!

Foto: Laginha, Mindelo Cabo Verde