E se eu
apagasse o meu facebook?
E se não tivesse telemóvel, nem visse televisão?
E se me sentasse, sozinh@, numa mesa de café, com um livro, ou um pedaço de papel?
E se fosse sem companhia ao cinema, ou de braços dados, olhar as estrelas?
E se ficasse junto, mas em silêncio?
E não falasse dos outros, mas só de coisas que me fazem luzir os olhos?
E se amanhã
saísse à rua e abraçasse todas as pessoas que encontrasse?
E se
voltasse a falar com todas as pessoas que, por algum motivo, se perderam no
tempo?
E se
dissesse tudo aquilo que calei?
E se me
abrisse, se me escancarasse ao novo, ao diferente?
E se quando
e onde a música tocar, eu me despisse da vergonha e dançasse?
E se não me
importar com dinheiro, promoções, posições?
E se (assusto-me
com a minha ousadia) deixasse de ser doutor(a) e ganhasse a vida como bem
calhar?
E se fosse
num cabaré? E se me apetecesse fazer streaptease? Do corpo ou da alma?
E se amar fosse
o mais importante?
E se me
atrevesse a amar, de verdade, a entregar todos os pontos nos “Is”, cruzar todos
os “Ts”, resolver todas as equações na ordem da “variável coração”?
E se esse
meu amor fosse azul, ou amarelo, mais alto, mais novo, mais velho? Mais pobre,
mais feio, mais belo? Como eu, no corpo ou na alma, ou, de todo, diferente?
E se, e se…
e se eu dissesse que amo e deixasse de jogar ao jogo de quem menos se importa?
E se me atrevesse a esquecer que já me feri e hoje fosse como se nunca tivesse havido ontem?
E se eu amasse sem medo de perder? Sim! Sem o sentido de o outro me "pertencer".
E se não tivesse, nunca e de todo, medo de me perder?
E se comprasse um bilhete só de ida?
Ou fosse por aí, sem destino, no vaivém da vida, de mãos dadas com o destino?
E se não
repetisse, em dia nenhum, aquilo que fiz no outro dia?
E se eu,
amanhã, deixasse o emprego?
E se me esquecesse da reforma e começasse a deixar de adiar para depois a vida que
não sei se vou viver?
E se
pensasse e não repetisse o que ouvi?
E se não me
manifestasse em relação ao que na realidade não me diz coisa nenhuma, só porque
está na moda?
Ah, e se me
atrevesse a comer, sim, comer, sem tirar uma selfie a comida?
E se eu
comesse o que bem entendesse, sem me preocupar com a linha?
E se eu
disser “boa tarde”, “boa noite”, “bom dia”, quando passar?
E sinto-me
mais ousada:
E se quebrar
o meu pau-de-selfie e, no meio da
multidão, falar com um estranho (!) e lhe pedir que me tire uma fotografia?
E se
perguntar “como estás” e parar realmente para ouvir a resposta?
E se quando
me perguntarem se eu estou bem, em vez do tradicional e forçado “sim,
e tu?”, eu disser que não, que não estou bem coisa nenhuma? Que não! E preciso de um abraço, de um ombro
amigo”?
E se me
atrevesse a ser vulnerável?
E se
dissesse que choro, às vezes?
E que houve momentos em que chorei mais que muito?
E se falar que
tenho medo, sonhos, esperanças?
E se
confessasse que doeu? E apontasse o sítio?
E se,
sorrindo, dissesse também que me curei, e ensinasse, de coração aberto, a cura a
quem está ferido?
Ou, e se eu
disser, despudoradamente, olhando nos olhos de quem me fala, que sou feliz?
Sim! Que
ousado! Que ousado!
… enfim, e
se eu tirasse a máscara e fosse despudoradamente eu em todas as circunstâncias,
em todos os momentos da vida e à frente de quem fosse? Fizesse
política sem gravata e sem saltos, poesia sem camisa ou vestido, amor sem
corpo, ou no corpo, ou com a alma na calma? E se eu
dissesse que não sou perfeito(a), que pequei, que me arrependi, que amei, sofri
e que (sobre/tudo)vivi? Que fui vil, mas nunca deixei de ser santo, também?
Foto: Kellepics, in Pixabay |
E se
dissesse que sou human@, tu, human@ como eu, mas vestid@ das mesmas máscaras
que as minhas, estenderias a mão ou viravas as costas?
☺���� texto simplismente maravilhoso. Obrigada e continua sempre,pois ês palavras sim preciza entra ne Coração de cada um.
ResponderEliminarObrigada! <3
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