Há bocado, sonhei contigo
Sentaste-te no meu colo, mas não me beijaste
Acho que são as coisas que me disseste
Tirando-te dos sonhos que vou sonhando
Já não repenso nossos momentos
Assusto-me um pouco
Será que já te vou esquecendo?
Que estranho foi isso tudo
Tanto tempo contigo sem te saber amar
Queria uma noite e uma ilusão de ficares
Dar-te-ia vinho
Ou quiçá champanhe
Recitar-te-ia um poema de amor
Olharia nos teus olhos, mas não te faria minha
Diria Adeus, assim, deste mesmo modo bonito
que me amaste
Mas a ampulheta virou e já não temos tempo (?)
Em ti é o tempo de outro
E dos sonhos que o mundo te manda sonhar
Em mim não sei ainda que tempo será
O mundo nunca me soube mandar
e a minha bússola sempre foi a minha vontade
(que se partiu de repente; Não tive ainda
tempo para concertar)
O ontem se despede e o hoje se insurge ao
amanhã
Tenho um mundo de escolhas
E nunca fui boa a escolher
Lançarei o dado do destino
Na encruzilhada do tempo que se vai
E do tempo que vem
Partes
E eu irei logo de seguida
Levarei o coração na mala e não no peito
Há uma vida que me espera
Já vou tarde e não sei, ainda, lá chegar
Vivo suspensa, eu que sou mais pensamento do
que corpo
Vou a voar, chegarei em algum lugar,
Mas não sei se saberei ficar
Só tenho asas, nunca soube fazer ninhos
Nada sei de chão, chão eras tu, que partiste
Talvez viva a vida a voar,
Como os dois pássaros que tenho tatuados na
pele, lembras-te?
Talvez te volte a ver e eu já seja outra,
Que nem um Adeus bonito saberia dizer
Talvez nunca mais te veja,
Esquecerei então todos os momentos maus
Guardarei os sorrisos e os gemidos
Entretanto, faço-te um poema
Os poemas sempre ficam.
Este ficará para te amar,
quando o tempo já não contar.
In O Dramaturgo, a Loucura e a
Normalidade
Inédito
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