Sento-me à beira da minha alma
E devagar espreito
Olho-me por dentro, com calma
Traço o meu auto-conceito
Procuro batizar o momento
Adivinhar o caminho
Rotular o sentimento
Neste meu reino em desalinho
Há um claro discernimento:
Eu mando e desmando
Não obedeço a nenhum comando
Eu só funciono amando
Sou a Alice do meu País das Maravilhas
Num eu que amanhã não serei
Sobra-me curiosidade para percorrer milhas
Um pouco de tudo comerei e beberei
Pequena ou crescida
Nova todos os dias serei
Tanta curiosidade tenho pela vida
Que várias vezes nascerei
De régua e esquadro em punho
Procuro completar o traçado de ontem
Mas nesta alma com um novo cunho
Coexistem sonhos do amanhã e anteontem
Preparo-me para colorir a tela
Pintar a vida de aguarela
Então noto que já sou tinta-da-china
Num clic,
vi-me mulher mas sei-me menina
Do passado só trago o sorriso
Vivo o presente no improviso
Para o futuro, só levo o que preciso
E assim
me reinvento, sem prévio aviso
Fotografias: Bob Lima
Fotografias da Gopro: Olivier Laugero
Voo: Olivier Laugero, kagou flying boat, em São Vicente, Cabo Verde
Agradecimento: Emiliano Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário