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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Vida: sonhos, castelos e ruínas



É preciso aprender a deixar as coisas fluirem sem a necessidade de que se mantenham da forma como as conhecemos: a natureza da vida é a impermanência.

Tudo, absolutamente tudo, em rítimos diferentes, altera-se. Por vezes deparamo-nos com coisas que nos sabem bem e queremos nos apropriar dessas para o nosso quotidiano.
Recusamo-nos a aceitar a mudança inevitável que se avizinha e queremos controlar a situação ou escondemo-nos para não encarar a mudança que dança, nua, à nossa frente. Voltamos aos mesmos espaços querendo encontrar as mesmas coisas e por vezes encontramos ruínas. Não é sábio sonhar castelos em ruínas de construções que ruíram com pequenas intempéries da vida. Não é, também, sábio atear fogo em ruínas de monumentos que foram erguidos com a força da paixão e vontade. É preciso aprender a preservar os patrimónios históricos da nossa alma. Construír espaços de memórias a serem visitados em momentos de saudosidade e balanço, mas que sejam espaços arejados, livres da puluíção de culpas e arrependimentos, de inaceitação da ação inevitável do tempo ou das relações de causalidade que se formam quando a nossa vontade se [des]encontra com a vontade do outro. É preciso perceber que tudo o que se ergue pode cair, que nada se constrói sem pilares sólidos mas também que nenhum esforço feito na vida é um esforço em vão se nos dedicarmos a aprender com tudo e em tudo.
Nem todas as obras serão obras-prima. Alguns serão esboços, maquetes, construções menos bem-sucedidas mas, todas elas, importantes no caminho de nos tornarmos o artísta do nosso destino.

© Janice da Graça 


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